5.3.07

Barcelona VI - Diário de Viagem




Barcelona, 6 a 13 de novembro de 2006.

Na segunda fui até a policia para estrangeiros, que fica em Barceloneta (a praia mais famosa de Barcelona).
Mesmo com meu passaporte italiano, ou seja, pertencendo a comunidade européia, eu preciso me registrar em Barcelona e retirar meus documentos para poder residir e trabalhar na cidade.
Preciso retirar o NIE, o número de identificação para estrangeiros.

Aproveitando que estava por Barceloneta, fui caminhar pelo litoral e ver como eram as praias por lá.
A praia é mais ou menos... não tem nada demais...mas no verão deve dar um caldinho ☺
E já fiquei sabendo que no verão a brasileirada se encontra fazendo batucada na praia! Esses brasileiros no exterior fazem por merecer a fama de festeiros! Nós brasileiros somos uma raça a parte mesmo! hehe

De lá fui para a escola de línguas, ver horários e etc... Fiquei torcendo pra entrar numa classe cheia de alemães loiros, fortes, altos... haha! Ou pelo menos com algum gringuinho fofo que precise de ajuda pra aprender o espanhol! ☺
Depois andei palas Ramblas e fui para até o El Corte Inglês.

O Corte Inglês é uma grande loja de departamentos...imensa... e está por toda a Espanha. A da Praça Catalunya ocupa um prédio de quarteirão inteiro. Cada andar está destinado a uma área: supermercado no subsolo, cosméticos de todas as marcas possíveis no primeiro andar, e ai começa um andar pra roupas femininas, outro pra masculina e assim vai... E vende desde a sua própria marca..de roupas a produtos de supermercado até grifes como Dior e etc..

Eu andei me sentindo meio sozinha...porque apesar de estar na casa da Bia, ela está com a vida toda em função do trabalho na embaixada e do namorado... e meu amigo Oi tb tem as coisas dele pra resolver e acabo passando muito tempo só. Resolvi ir atrás de me enturmar, afinal Barcelona tem uma vida norturna super agitada, eu queria poder aproveitar.
Então, na terça, marquei um “encontro as escuras” com a Erica, que é uma amiga do Diego, meu amigo que já morou em Barcelona e me passou o contato dela. Conversamos por telefone, parecia ser gente boa e marcamos de nos encontrar para nos conhecermos no bar Paris, que é na rua onde estou.
Até que foi fácil de reconhecer. Uma garota sozinha numa mesa de bar..olhando a volta pra ver se alguém espera... fica meio evidente!
Foi bem legal conhecer a Erica. Ela é um doce! Me contou que está aqui há três anos e meio e nunca mais voltou ao Brasil. Veio pra visitar a irmã que se casou em Costa Brava, ali perto e daí começou a trabalhar de “camarera” (garçonete). Hoje está num Hotel 5 estrelas, ganha relativamente bem e está feliz lá. Conversamos bastante... Me senti bem a vontade com ela. Acho que vai ser uma ótima amiga aqui!

Depois fui pra casa da Bia e nos arrumamos para ir a uma festa que ela já havia me falado desde que cheguei. Uma festa no Barco Escola da Marinha Brasileira. São os oficiais da marinha que quando se formam fazem uma viagem de seis meses para ganharem experiência e em cada porto eles realizam uma festa. Ela ganhou convite por ser da embaixada e lá fomos nós.
A Festa foi bem abaixo das nossas expectativas. Muitos marinheirinhos de vinte pouquinhos anos. Um coquetel meio formal por causa das autoridades presentes. Banda ao vivo mas música bem parada..só lá pelas tantas que começaram a tocar um forrozinho e daí consegui dançar. Encontrei um guri feio mas ótimo dançarino que me pegou pra dançar várias vezes.
Fim da festa estavam todos trêbados e querendo sair pra gandaia pela cidade, iam pra alguma boate... Eu, Bia e Fernando não botamos muita fé e voltamos pra casa.

O aniversário da Bia era na quinta, dia 9, mas como ela ia viajar pra Santiago de Compostela com o Fernando, resolvemos comemorar na quarta.
Eu preparei uma mesa com flores (compradas na Ramblas), uma CAVA Freshenet (que descobri que é da família do José, namorado do Oi..chic , né?), bombons... e um bolo de chocolate, que eu preparei com cobertura de brigadeiro e, lógico, brigadeiros enroladinhos no açúcar porque não achei o chocolate granulado)
Comprei um cachecol lindo, todo colorido com as luvinhas iguais, para ela se preparar para o inverno que já vai chegar!
A mesa ficou linda... queria agradar, afinal, ela estava sendo muito gentil em me hospedar lá!
Depois do brinde com a cava, fomos para um mexicano... O Margarita Blue.
Fui eu que sugeri porque outro dia que saí com o Oiram passamos em frente e eu achei super legal.
Mas o que roubou a cena da noite mesmo foi um cachorro ,que um maluco levou pro restaurante... O cachorrinho se desprendia da coleira e saia correndo... Adivinha quem ficou lá, atrás do cachorro? ☺

Na quinta-feira eu marquei um segundo “encontro às escuras” hehehe.
A Catharina, amiga da minha mãe, namora um cara no Rio que tem um filho, o Bruno. Este Bruno namora a Mariana, que está morando agora em Barcelona pra fazer um mestrado. Me passaram o contato.. e lá fui eu travar amizade!
Fiz a mesma coisa que o outro dia com a Erica. Marquei no bar Paris...
Também me dei super bem com a Mariana. Ela já é o oposto da Erica. Ela veio bancada pelo pai pra fazer um mestrado na área de moda. Me contou que o sonho dela sempre foi vir pra Barcelona mas o que tá pegando é a saudade do namorado e que o curso não é nada do que ela esperava.
Engraçada a vida. A Erica nunca sonhou em vir pra cá... E de repente se engajou e está lá feliz da vida com o que pintou. A Mariana sempre sonhou em vir, mas nada foi do jeito que esperava e agora tá sem saber se volta ou se fica.

Eu também... sempre sonhei em vir pra esta Europa. Sonhei anos com isso. Esperava ganhar uma bolsa pra fazer um mestrado... Depois como não ganhei a bolsa, meus planos mudaram, ia vir casada... e de repente estava eu ali... nem com mestrado, nem com trabalho... nem com marido... O que será de mim nos próximos “capítulos” desta novela? Depois de tudo que passei, estou me sentindo numa novela mexicana. Afinal, foi tão surreal quanto estas novelas dramáticas!



Eu tenho me dedicado muito a pesquisar os cursos de fotografia! Achei alguns e tirei a sexta-feira pra ir visitar pessoalmente três escolas que me pareceram as melhores.
Gostei mais de uma. Mas esta só começa em setembro do próximo ano,é super cara e ainda dura três anos! Putz...

A noite fui pra o aniversário do José Luis, o nobio de Oi. Marcaram um jantar em outro mexicano, o Rosa Negra,que fica na Via Laietana, bem em frente donde eles moram. Levei flores e brigadeirinhos numa caixinha. Os brigadeiros sempre fazem sucesso no exterior! ☺
De lá fomos pra Plaza Reial e entramos no Jam Boree, um lugar de blackmusic. Pausa pra falar do JAM BOREE. Este lugar é divertido demais!
Sabem os clips de Hip Hop Pop? Aqueles que tem sempre um negão vestindo uma blusa de basquete , o triplo do seu tamanho, boné com a aba pro lado, correntes gigantes que você não sabe se é pra usar de colar ou se vão usar pra prender a bicicleta com cadeado? E que olham de cima pra baixo, com ar de sou “foda pra caraiii” e cruzam os braços com as mãos em baixo do suvaco... E sempre dançam com mão na cintura quase na bunda de alguma garota com uma micro mini saia... uns tops por cima dos outros pra dar um ar de gang de rua e rebolam pra dizer: “Yessss.. I am sexy” ... Sabem do que eu tô falando? Então já viram MTV,né? Pois é... imaginem que todos os dançarinos que atuam nos clips de Hip Hop pop da MTV saíram pra dançar juntos numa festa!
Então..conseguiram imaginar?? Este lugar existe! Por incrível que possa parecer... não é piada... nem conversa fiada... este lugar é o Jam Boree!
Eu fiquei quase que uma hora sem coragem de me mover, só observando aquele lugar, ou melhor, as pessoas daquele lugar!
Eram todos clones uns dos outros. E todos estavam tão imbuídos de fazerem bem seus papeis... O papel de um personagem que está participando de um clip da MTV. Eu fiquei ali com meus pensamentos sobre a importância da mídia na formação da identidade do jovem... Isso dá um documentário!
Até me animei a dançar um pouco. Só não podia começar a rebolar muito porque senão vinha algum negão querendo dançar com mão na minha bund.... quero dizer, “cintura”.

No sábado eu passei o dia na internet, na minha incansável busca por cursos de fotografia e a noite fui ao cinema com a Erica.
Assistimos El Diablo veste Prada, depois comemos no Burquer King. Sim eu me rendi ao Burguer King. Esta praga é pior que McDonalds por aqui. Onde você olha, se vê um.

No domingo a Bia e Fé chegaram de viagem.
Fiquei lendo as revistas de guia de Barcelona que peguei no restaurante mexicano... fiquei impressionada com qualidade gráfica das revistas de distribuição gratuita em BCN. São muito boas!
Descobri a programação de um festival de cinema e um clube de salsa. Pronto, meu domingo já estava feito!
Fui então (sozinha pra variar) para o 13º Festival de Cinema independente de Barcelona, no CCCB (centro cultural contemporâneo de Barcelona), ao lado do MACBA (Museu de Arte Contemporânea de Barcelona).
A programação parecia bem interessante. Tinham curtas, longas, documentários e animação.
Peguei o metrô e fui pra lá. Desci no Catalunya e fui descendo pelas Ramblas (minha vida agora é descer e subir aquelas Ramblas)
Fui assistir a sessão de curtas de documentários que estava acontecendo no Hall do Auditório. Eu tinha visto no programa que havia um documentário de um brasileiro, fiquei curiosa... ainda mais que o documentário dele falava sobre Cuba, então fiquei mais interessada ainda.
O tal Hall do auditório é muito legal.É um espaço grande e não colocaram cadeiras para as pessoas sentarem, colocaram uns pufs e umas luminárias retangulares, baixinhas, espalhadas pelo espaço e todo mundo sentava no chão ou nos pufs. Ficou um clima de lounge em volta da tela de cinema. Numa das laterais do espaço havia um balcão de bar, vendendo cerveja, água e sanduichinhos (os “bocadillos”)...e todo mundo ficava ali a vontade pra pegar uma cerveja... sentar, assistir os filmes... muito legal.
Bom, eu cheguei tarde e já tinha começado a sessão. Seriam 3 curtas, o do brasileiro, que eu estava curiosa pra ver, era o terceiro.
Andei em volta da sala...comprei uma água e fiquei por ali, aguardando o próximo filme.
De repente, encostado no balcão no fundo da sala, onde estavam distribuindo a programação do festival, vejo dois brasileiros conversando. Um deles com um crachá e falando sobre o regime de Fidel Castro. Logo saquei, este é o brasileiro que está com o filme aqui no festival.
Abri o programa para lembrar o nome dele e fui perguntar pra ele: Você é o Gustavo?
Ele ficou todo faceiro, né... deve ter pensado “nossa... já tenho fãs!” hehehe! E respondeu: sou sim...
Me apresentei, falei que eu também já havia participado de um festival de vídeo de 1 minuto no Brasil, etc etc E ele me contou que o filme era o trabalho de conclusão do mestrado em cinema que ele acabou de fazer em Londres. Disse que tinha feito na Goldsmith e que ganhou a bolsa do British Concil. Então eu falei que tinha uma amiga que havia ganhado esta mesma bolsa e tb fez a Goldsmith, só que em Design. Aí ele perguntou o nome dela e adivinhem! Ele conheceu a Eliane!!!!!!
Eli, lembra dele? Gustavo Gama Rodrigues. Seu colega. heheeh
Esse mundo é muito pequeno! Naquele Hall enorme, cheio de gente, eu fui parar ao lado justamente do brasileiro que estava com o filme lá e ainda por cima ele conheceu a Eliane em Londres! Que louco!
Bom...conversamos, ele me apresentou o amigo dele que mora aqui em Barcelona e depois chegou a mulher dele, que aliás era muito simpática e depois me contou que era bailarina da Débora Cocker.
Assistimos o filme e foi bem legal. A platéia gostou e eles ficaram contentes. De lá eles foram comer uma pizza. Eu os acompanhei até a pizzaria, mas preferi ir pra minha salsa.
Parti solitária para minha empreitada. Tinham duas opções que eu tinha que escolher, pois são 2 boates que tocam música ao vivo de salsa no domingo. Eu não sabia em qual ir, então decidi ir nas duas ☺
A Habana Barcelona (HBN BCN) e o Mojito, que descobri que é do lado aqui da casa da Bia.
O Habana, como o próprio nome diz é da comunidade cubana que mora em BNC. E por ficar na Barceloneta, tb atrai muitos turistas. Eu dancei até cansar... mas eu cansei não foi de dançar, foi de agüentar um chato que cismou que só porque eu tava lá sozinha, significava que ele podia me fazer companhia a noite toda! Putz..e quem disse que eu queria a companhia dele?? Por que uma mulher não pode querer ficar sozinha e dançar com quem ela quiser??
Foi quando resolvi ir pro Mojito. Lá tem outros tipos de migrantes. Os porto riquenhos e Peruanos entre outros “sudacas” (este termo é “gentilmente usado” pelos espanhóis para designar os sudamericanos).
Lá tinha um cara se exibindo porque dançava muiiito. Me tirou pra dançar e foi bem legal. Mas ele era metido demais e cansei tb. Daí avistei um americano lindoooo de morrer. Ele puxou papo, mas tava tão bêbado que dava pena. Ai tb cansei.
Cansei demais e fui pra casa.

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